
O sorriso de Putu!

“No Putu Sepi!”
Sim esse é o nome dessa figura emblemática que tanto fez sucesso nos meios das mídias sociais nesse final de ano. Sua contadora de história é a Artista Brasileira, também muito conhecida Marina Landi.
Contei e repassei essa história tantas vezes na minha cabeça e em meu notebook. Tamanha responsabilidade em dividir a intimidade dessas duas mulheres. Finalmente as coloco aqui para dividir com todos. Me desculpem por ser longo, mas não tive como cortar mais linhas…
Marina Landi é daquelas paulistas típicas, práticas e cheias de esteriótipos próprios. Sua voz rouca, e seu estilo direto em sua fala nos faz olhar com maior atenção ao seu conteúdo. Mas ela humildemente se coloca como coadjuvante de sua obra.
Ao receber o premio no último Festival de Houston “The World of Beauty Award” pela obra “An Old Woman with a Joyous Face” essa artista imprimiu não só um contemporâneo mosaico feito com tecidos, mas principalmente aquela mensagem de fé de que tudo vai acabar bem no final.
A foto é do também artista Rarindra Prakarsa, que deu permissão a Marina para retrata-la em tecido.
Quando me deparei com a peça em Houston fique extasiada! Na hora desejei pegar uma caneta e começar a anotar todas as sensações daquele olhar. Como filha de nordestino tenho esse sentimento na veia, não só de “contadora de contos”, mas principalmente de entender a expressão na face do paradoxo do sorrir apesar do sofrer.
Como as mãos estavam cheias, peguei o celular e a permissão de Marina e comecei a Gravar.
Ela primeiro me apresentou o fotógrafo. Disse que no site dele há muitas fotos dessa senhora. Vale a pena visitarem e conhecerem a sensibilidade desse artista. www.rarindraprakarsa.com
Depois me apresentou a nossa artista principal. Putu é por ser a primogênita. Uma mulher muito pobre da Indonésia. Quando Marina terminou o trabalho, ainda sem quiltar, enviou uma foto para o fotografo que disse que ela estava muito doente. Ela não soube que a sua foto e o seu sorriso foram ganhadoras do prêmio.

Mas pelo que eu consigo imaginar, isso não seria de verdade algo que mudaria na vida dela… pois ela é do tipo de mulher que veio para acrescentar algo de positivo nas vidas das pessoas, e não em causa própria. No final não soube que o seu olhar e o seu sorriso foram escolhidos como ganhadores. Faleceu dias antes.
Mas Marina Landi teve a sensibilidade e a humildade de a todo momento reverenciar a nossa Putu!
Incrível como ela esquecia de nos dizer a quantidade imensurável de horas gastas nesse projeto tão primoroso. Detalhes que para nós mortais quilteiras nem seriam computadas.

Me mostrou os “ensaios” de cores e o projeto do Quilt tão bem feito também pela Natasha Bulgarin (www.orbitaquilt.com).

Me disse que a técnica é Mosaico Contemporâneo, com peças e espaços irregulares de forma propositalmente, com distâncias respeitando a união com a separação na visão global (mais uma paradoxo trabalhado).
Tempo não é bem a palavra correta a ser usada… mas segundo a artista foi um mês para desenhar, destacando todas as marcas de vida e de expressão dessa Putu. Três meses para executar a criação, e as meninas do Órbita mais um mês para quiltar.
Quando terminamos de conversar e admirar todo o processo e toda obra, Marina então mostrou quão sensibilizada estava no evento. Demonstrou o quanto estava feliz e se sentiu surpresa de ter atingido essa premiação. Me disse que jamais se imaginou vivendo um dia desses nesse maior festival de Patchwork.
Não a conhecia intimamente, mas me pareceu completamente despida de qualquer sentimento a não ser o de reconhecer em sua própria vida e na vida dessa senhora o empoderamento feminino de marcar momentos.
Foi um momento de união que esta se perpetuando por toda uma vida. Nunca estiveram realmente juntas. O link foi o olhar precioso e talentoso de um artista. Asiáticos e latinos conjugando um olhar melhor para o nosso mundo, onde a mensagem final é que bonito é ser apenas simples, apesar do requinte da confecção da peça.
Obrigada Marina Landi por nos contar essa história com tanta energia e emoção.
*Imagens cedidas pela artista.


4 Comentários
Kathia Saito
Estela Mota, assim como Marina Landi descreveu sua arte e Putu, você escreveu com maestria a história.
Fiquei sem palavras, apenas com sentimento qdo vi a Putu ao vivo e a cores, em Houston. Marina Landi é especial. E você nos deu , com seu texto, a sensação e a paixão por Putu e Marina Landi,
Estela Mota
Que lindo o seu comentário. Fico feliz de poder ter passado essa sensação.
Maria Josefa
Fiquei sem palavras ao olhar para esse trabalho !
Mas agora além de bater palmas consigo dizer: Simplesmente ESPETACULAR!!!
Estela Mota
Nós também…. um trabalho magnifico.