Artistas que inspiram

A família Maluhy

Em meio a uma travessa movimentada da caótica e apaixonante rua 25 de março, no coração de São Paulo, existe o paraíso dos tecidos nacionais. Se você é uma apaixonada por Patchwork, com certeza já ouviu falar do Fernando Maluhy. Se ainda não conhece, este é o momento de descobrir. No edifício de mesmo nome da tão famosa rua você irá descobrir três andares dedicados ao item que mais amamos, o tecido. Parece fascinante, não é mesmo, por isso resolvemos descobrir um pouco mais como tudo isso começou.

Na maioria das entrevistas que faço com artistas de Patchwork, eu levanto a famosa questão: tecidos nacionais X tecidos importados. A diferença entre os dois itens são muitas, desde a questão das tramas mais abertas, ao preço e também cores e estampas. Mas o que não podemos deixar de pensar é que o Patchwork oferece inúmeras possibilidades e conhecer cada uma delas é o que faz com que continuemos sempre aprendendo. Na questão do tecido é exatamente igual. Por que não usar um tecido nacional? Por que não usar um tecido importado? Não existe resposta certa, apenas possibilidades a serem exploradas, por isso resolvemos conhecer um pouco mais sobre esse fabricante de tecido nacional. Trocamos e-mails e agendamos uma conversa lá mesmo, no fervo, onde tudo acontece e onde seria possível ver a realidade dos artesãos que enfrentam muito calor e caminhada para comprar o tecido que tanto precisam.

Conversamos com Bernardo Maluhy, filho do fundador. Foi um bate papo muito descontraído em que pudemos conhecer um pouco de sua história. Fernando Maluhy era representante dos tecidos Caribou aqui no Brasil. Eles tinham uma produção para exportação e começaram a perceber um interesse de algumas pessoas pelos tecidos estampados e com texturas. “Começaram a aparecer pessoas procurando esses tecidos, algumas eram professoras de Patchwork”, conta Bernardo. A partir daí descobriram um novo mercado e começaram a focar na produção desses tecidos.

Alguns anos depois, em 2000, com o objetivo de formar os consumidores, a empresa se uniu ao Senac para realizar a primeira Semana de Patchwork. “Fizemos o evento na Unidade da Penha, foram ao todo 10 edições e o mercado começou a crescer”, explica o empresário. Em paralelo, eles começaram a lançar coleções de tecidos com estampas criadas por artistas do setor, como foi o caso da Renata Blanco. Ela procurou a empresa e apresentou suas ideias de estampas há mais de 10 anos e até hoje mantém essa parceria, em breve lançará a sua nona coleção. A empresa também patrocina diversos artistas do setor e também oferece alguns workshops, com objetivo de ensinar diferentes técnicas .

Atualmente eles realizam 90% da produção do que é comercializado pela empresa Fernando Maluhy, com cerca de 4 mil opções de tecidos. A venda é inteiramente focada no mercado nacional, mas existe a pretensão de expandir a exportação.”Estamos nos estruturando para isso, nos capacitando e estudando o mercado, mas já vendemos para alguns países da Europa e da América Latina”, conta Bernardo.

Falamos sobre o mercado, sobre artistas se destacando, sobre tipos e qualidades de tecidos. São tantos assuntos abordados que daria para escrever diversos posts. Mas o que mais nos chamou atenção ao chegar na empresa foi o quinto andar, conhecido como Express Fernando Maluhy. “A minha mãe sempre falou que o sonho dela era montar um supermercado de tecidos, a ideia desse andar é exatamente isso”, explica Bernardo. A Sra. Denise teve essa visão, que aos poucos se torna realidade. São corredores de tecidos já cortados, embalados e divididos por metragem e estampas. Para mim, que adora uma loja organizada, onde é possível enxergar todas as possibilidades e opções, é praticamente o paraíso. Aos poucos essa novidade está ganhando o coração das consumidoras que não querem perder tempo em filas e aguardar um atendente cortar o tecido escolhido.

Será exatamente com esse conceito de Express que Bernardo nos contou que a nova loja do Brás terá. Com inauguração marcada para final de fevereiro, a ideia é oferecer tecidos de forma pratica e diversificada para os consumidores. “Serão dois andares, um dedicado ao express e outro ao atacado”, conta. Por aqui, estamos na expectativa de como será esse novo espaço do Patchwork.

Ao final de nossa conversa tivemos o prazer de conhecer o próprio Fernando Maluhy, que continua firme e forte na gestão de sua empresa. Realmente foi com muita satisfação que descobrimos que por trás de tantas cores e estampas existe uma família unida, que acredita em nosso trabalho, nossa arte e está em busca de melhorar cada vem mais. Quem sabe no futuro a discussão não seja mais tecido importado ou nacional, e simplesmente apenas uma escolha pela estampa e cor que mais combine com nosso projeto.

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